30 de março de 2003


Um assunto que gosto de procurar às vezes nas minhas andanças pela Internet são as reconstruções de prédios antigos.

E um dos países em que isso tem acontecido com mais frequência é a Alemanha, onde de um tempos para cá surgiu uma onda de reconstruções dos símbolos urbanos que foram danificados ou destruídos durante a II Guerra Mundial, principalmente na metade leste, que ficou estagnada por mais de 40 anos de regime comunista.

Acho que os casos mais conhecidos desse tipo de “renascimento/volta às origens” se encontram na nova-velha capital alemã, Berlim, que virou um canteiro de obras nos anos 90 e de onde tem surgido edifícios como o Novo Reichstag, sede atual do parlamento alemão.

Mas acabei achando uma obra que me chamou atenção pela sua história: é a reconstrução da Igreja de Nossa Senhora (Frauenkirche) de Dresden, ex-cidade da Alemanha Oriental. Essa igreja que tinha sido construída no século 18 acabou se tornando um marco e um ponto de referência para a cidade por seu tamanho e pela imponência do estilo barroco de sua arquitetura.

Mas veio a II Guerra Mundial, e com ela, um selvagem ataque aéreo na noite de 13 de fevereiro de 1945 que destruiu a cidade em chamas e bombas. E a igreja não resistiu. Dela só sobraram escombros, tijolos e uns pedaços de parede enegrecidos pela fumaça. Mesmo assim, os habitantes da cidade sempre recusaram as intenções do governo comunista de remover os restos da igreja para fazer um estacionamento ou algo do tipo no lugar, que acabou se tornando uma espécie de espaço simbólico de lembrança dos horrores da devastação da guerra.

Com a reunificação, surgiu a proposta de refazer o centro de Dresden de acordo com o forma que ele tinha no período pré-guerra. A Frauenkirche foi incluída dentro desse plano, e ela começou a ser reconstruída em 1994.

Nesta obra, que ainda está em curso e provavelmente deve ser concluída em 2006, estão sendo usados as paredes, pedras e tijolos que fizeram parte da antiga igreja (em tom geralmente próximo ao preto), com os novos materiais usados, em tom mais claro. A planta original está sendo seguida à risca, mas ainda assim ficará claro no contraste entre os tijolos a diferença entre o passado e o presente.

E como forma de “perdão moral”, britânicos e norte-americanos têm sido os principais financiadores da obra.
Ah, e neste exato momento está acontecendo mais uma edição da Festa Giovanna da FGV em São Paulo. Sim, aquela que rendeu todo aquele quiprocó ano passado…
Um Bush envergonhado decide mudar o sobrenome.
Uia… Agência Estado de visual novo.
OK, eu ia neste sábado à noite lá na Trash 80’s conferir o set do DJ Camilo Rocha, mas meu relógico biológico maluco me fez acordar perto da meia-noite e aí eu nada mais podia fazer. Shame on me…
Vaguinaldo Marinheiro

Os erros desta guerra

30/03/2003

Muitos acreditavam que esta guerra no Iraque seria um passeio para as forças dos Estados Unidos e do Reino Unido. Como um rato que ruge, Saddam Hussein cairia assim que a primeira bomba caísse sobre Bagdá, dada a enorme superioridade militar das potências ocidentais contra os miseráveis das areias.

Tudo foi aos poucos dando errado. O ataque de decapitação (no início do combate, dia 20 de março), o “choque e pavor” (bombardeios intensos), a idéia de não ocupar as cidades ao sul, mas partir direto para Bagdá…

Sobraram as surpresas para os americanos no front. “O inimigo contra o qual lutamos é diferente daquele para o qual havíamos nos preparado”, disse o general Willliam Wallace, comandante das forças terrestres em território iraquiano, na sexta-feira. “Não consigo entender tamanha resistência. Quer dizer, estamos lá para ajudá-los a se livrarem do regime (de Saddam Hussein)”, afirmou o sargento norte-americano Jamie Villafane, ferido em combate.

Mas onde foi que os chefões da Defesa americana erraram?

Um dos erros foi acreditar que o início da guerra faria surgir algo como a Aliança do Norte, o grupo que com a ajuda dos Estados Unidos derrubou o Taleban no Afeganistão. Os homens da aliança facilitaram o trabalho das tropas americanas, uma vez que atuaram nas principais batalhas em solo, num terreno conhecido por eles, mas desconhecido pelo Exército dos EUA.

Isso não aconteceu até agora no Iraque. Há grupos opositores de Saddam, mas os curdos, no norte, podem até atacar tropas leais ao ditador iraquiano, só que se limitam a agir na própria região, nunca irão numa incursão até Bagdá. Já os muçulmanos xiitas estão à espera e não parecem querer nenhuma relação com os “invasores”. Além disso, nenhum dos dois grupos confia nos EUA.
Mas o principal erro parece ter sido menosprezar o antiamericanismo. Os iraquianos podem até odiar Saddam Hussein, mas odeiam mais os americanos porque: 1) são nacionalistas e esclarecidos a ponto de não quererem que um estrangeiro defina seus destinos; b) não gostam de Saddam Hussein e sabem que ele teve o apoio dos Estados Unidos para se firmar no poder no início de sua ditadura; c) sabem que o Iraque já foi um país próspero e culpam os EUA e o Ocidente pela derrocada econômica causada pelo embargo econômico imposto ao país; d) os mais religiosos acreditam que os soldados “invasores” estão profanando terras sagradas.

Isso tudo não fará com que as forças da coalizão percam a guerra — não haverá um “Vietnã da areias”, como sonham alguns fundamentalistas. Apenas fará com que a guerra se estenda e que também cresça o número de baixas nos exércitos americano e britânico.

Pode também causar fortes danos no futuro político de George W. Bush. Mas ainda falta tempo para a próxima eleição. Tempo suficiente para os falcões da Casa Branca iniciarem outras guerras.

29 de março de 2003

Mondo Bizarro: Resgate de celular que caiu na privada mata 3 no Quênia.

Este aí acima é Donald Rumsfeld apertando a mão de Saddam Hussein, em 1983.
(pescado do Na cara do gol)
Caso interessante que aconteceu na primeira Guerra do Golfo: o grupo de musica eletrônica Massive Attack mudou seu nome temporariamente para “Massive” durante o conflito, segundo informações que eu tive na época porque seus integrantes não podiam usar esse nome no mercado dos EUA…
Mais uma vez, em nome do “patriotismo de guerra”, a mídia norte-americana se curva a uma censura de informações muito estranha para um país que se orgulha(va?) de ter escrito a garantia da liberdade de expressão na tal 1ª emenda da constituição…

Enquanto um sistema de “hackeagem” muito eficiente mantém o site da Al Jazeera fora do ar a maior parte do tempo (desde que a guerra começou, simplismente não consegui acessá-lo até agora), fatos desenrolam-se mostrando um quadro mais claro da guerra, muitas vezes suja, de propaganda e informação:

Soldados dos EUA agridem dois jornalistas portugueses no Iraque

da France Presse, em Lisboa

Dois jornalistas da televisão pública portuguesa RTP, acusados de espionagem, foram detidos e espancados por tropas norte-americanas no sul do Iraque, em companhia de dois colegas israelenses.

Segundo o diretor de informação da RTP, José Rodrigues dos Santos, os dois jornalistas portugueses, Luis Castro e Víctor Silva, foram soltos em seguida e passam bem. Eles estão no Kuait.

A equipe portuguesa tinha entrado numa área do Iraque para chegar à frente de batalha. Uma vez que chegou a Karbala, foi expulsa por estar acompanhada de dois repórteres israelenses sem credenciais.

Ao se recusarem a deixar seus colegas, os dois portugueses regressaram a Najaf, ao norte de Basra, onde passaram a noite perto de tanques americanos.

De acordo com um dirigente da RTP, ouvido pela agência Lusa, quando os jornalistas acordaram, eles estavam “cercados de soldados que lhes apontavam suas metralhadoras”.

Luis Castro recebeu pontapés enquanto Victor Silva foi espancado. Depois foram detidos durante 36 horas, acusados de espionagem, e ficaram sem contato com o exterior, até que um oficial os liberou e foram levados ao Kuait.

“Passamos as piores 48 horas de nossas vidas. Os soldados americanos decretaram que éramos terroristas e espiões e nos trataram como tais”, disse o correspondente da televisão israelense Dan Scemama.

Segundo José Rodrigues dos Santos, as autoridades americanas se desculparam e anunciaram a abertura de um inquérito.


Vale lembrar que há neste momento vários jornalistas norte-americanos nos fronts da coalizão, inclusive transmitindo para as TVs... mas eles são devidamente “guiados” pelos comandantes militres das operações. E quem ousa sair deste esquema, pelo jeito corre riscos…

Mídia dos EUA evita veicular anúncios contra a guerra

da Reuters, em Nova York

Grupos contrários à guerra reclamam porque não podem veicular seus anúncios contra a ofensiva anglo-americana ao Iraque na mídia dos Estados Unidos.

O grupo de defesa dos direitos civis TrueMajority declarou que não teve problemas em publicar anúncios em jornais como “The New York Times” e “The Wall Street Journal”, mas que não teve a mesma sorte na televisão. As redes CNN, Fox, MTV e até mesmo o canal pago Comedy Central recusaram segmentos que traziam celebridades, como a atriz Susan Sarandon, conversando com “especialistas” sobre questões de guerra.

A Fox adota há muito o princípio de não aceitar anúncios ligados aos chamados grupos de defesa de direitos civis, segundo uma porta-voz da rede de TV. A CNN, que pertence à AOL Time Warner, não aceita anúncios de grupos de defesa dos direitos civis que tenham a ver com regiões em conflito.

O grupo antiguerra Not In Our Name (“não em nosso nome”, em inglês) declarou que a MTV recusou-se a veicular seus filmes feitos pela renomada documentarista Barbara Kopple, nos quais jovens norte-americanos em Nova York falam a respeito de sua oposição à guerra.

A organização Peace Action (“ação da paz”, em inglês) disse que tinha anúncios prontos para ser veiculados antes e depois do pronunciamento do presidente George W. Bush em janeiro, mas que foram rejeitados pela Comcast, a principal operadora de TV a cabo nos EUA.

A Peace Action estava produzindo novos comerciais, inclusive alguns para rádio, mas não tinha certeza se seriam veiculados.


Nota-se aí a disparidade das posições da MTV norte-americana e sua filial brasileira, que se posicionou contra a guerra e faz uma campanha aberta a respeito.
HD instalado, sistema novinho recém-instalado, tudo funcionando direito… ah, que beleza…:-)

28 de março de 2003

27 de março de 2003

Blogs de soldados contam o cotidiano da guerra no Iraque.
E é incrível a velocidade em que os filmes em cartaz nos cinemas estão chegando aos CDs clandestinos dos camelôs. Por R$10,00, consegue-se em um CD em formato DivX (ou em 2 CDs em formato VCD) filmes como "O Pianista" ou "Chicago".



Mas sem considerar as questões legais envolvidas nisso, a pergunta é: com R$10,00 na mão, o que você preferiria fazer? Juntar mais uns trocados para ver um filme na telona do cinema, com toda a imagem, som e ambiente que se tem direito ou ver um "filmeco" rodando nos limitados monitores e TVs de sua casa?
Quando estava voltando para casa anteontem, vejo no início da Raposo Tavares uma faixa anunciando um inferninho chamado "Spears". E ontem, subindo pela Rua Augusta em direção à Av. Paulista, me deparei com uma entrada em neon onde estava escrito "Sauna Madona" (assim mesmo, com um "n" só)...
Mondo Bizarro: Ana Maria Braga vai gravar disco pela BMG:



"Esse é um sonho que nós estamos realizando depois de seis anos amadurecendo a idéia", disse Ricardo Silveira, idealizador do projeto, na nota divulgada pela BMG.



Sonho?
Vejam essa:































Rede TV! manda dois correspondentes para Bagdá 































KIKE MARTINS DA COSTA















colunista do UOL
































Os jornalistas Tony Castro e Tiago Gardinali, da Rede TV!, partiram ontem à noite de São Paulo rumo a Amã, na Jordânia. De lá, os dois tentarão chegar por terra a Bagdá, no Iraque, para cobrir a guerra.































Eles estão levando dois notebooks e duas câmeras e, com o suporte da agência de notícias Reuters, os dois enviarão diariamente informações e imagens direto do coração do conflito.































Na volta, a idéia é fazer um grande documentário sobre o povo iraquiano e sobre os bastidores da ação das forças da coalizão naquele país durante essa guerra.
































De repente seria uma boa idéia mandar para lá também o João Kléber para fazer a cobertura noturna in loco dos ataques... quem sabe aí... ah, deixa pra lá...

26 de março de 2003

Um grande número de integrantes da Guarda Republicana de Saddam Hussein está neste momento se deslocando para o sul do Iraque para combater as forças da coalizão anglo-americana, cujos cabeças pelo jeito subestimaram a força do exército do país invadido.



Vem coisa feia por aí.

25 de março de 2003

Adrien Brody, quando recebeu o Oscar de melhor ator neste domingo por "O Pianista" (filme muito bom, eu vi semana passada), fez a coisa certa: chegou lá e tascou um beijão na Halle Berry...;-)
Se eu disser que estou neste exato momento acessando a Internet de casa através de uma combinação maluca de RAM Disk de 32MB + System 7.5 + Internet Explorer 3.0, vocês acreditam?

Mas de qualquer forma, eu já comprei o HD novo ontem lá na Santa Ifigênia. Só falta comprar os adaptadores e cabos para conectar o dito cujo...

22 de março de 2003

Quanto a essa guerra que começou esta semana, minha posição é de relativa neutralidade. Sinceramente, ainda não achei argumentos fortes o suficiente para me posicionar a favor ou contra a invasão do país de Saddam Hussein pelas tropas dos EUA e da Grã-Bretanha.



Eu sei que vou de uma certa forma contra a "grande onda pacifista" que se espalha pelos blogs e pelas caixas de e-mail por aí, mas acredito que na Grande Rede todo mundo tem direito de se expressar livremente. E esse é meu ponto de vista por enquanto.



P.S. 1: Sim, pensando bem eu tenho pelo menos um desejo: espero que a coalizão vença isso o mais rápido possível.



P.S. 2: O Bernardo Carvalho ao meu ver mandou muito bem escrevendo a respeito do assunto.
Ah, estou neste momento navegando na Internet através de uns computadores que foram instalados no Fran´s Café da R. Haddock Lobo. Por enquanto eles não estão cobrando o acesso.
Pois é, voltar a ter Internet tem sido difícil. Depois de umas semanas de problemas relacionados a grana, fui comprar mais uma vez uma placa de rede para meu PC, desta vez um modelo ISA 3Com novo que não teria como ser incompatível com meu Pentium velho mas... acabou sendo. Definitivamente, parece que a motherboard não consegue se comunicar direito com placas ethernet de nenhum tipo.

Desisto. Vou semana que vem comprar um HD SCSI novo para meu Macintosh e acabar (tomara) com esse imbroglio todo.